Era o quarto dia do mês de março, idos de quarenta e quatro, antiga vila de Guarará.
Isaura, Natália e Ismália catavam aves para jantar.
Foguearam a fornalha, caladas, pálidas, plácidas.
Facas afiadas rasgaram as carcaças, separaram as patas; jogaram as aves na água ardente, arrancaram-lhes as penas. Lavaram as partes, tiraram-lhes as tripas, despejaram-nas nos baldes.
Limparam a área, rumaram para o largo lago da rua d’África.
As águas espelhadas convidavam à camaradagem.
Nas margens amplas, jogaram malha, pularam corda, desenharam artes. Tiraram as saias, nadaram no lago, entraram na mata, lavaram a alma.
Há mágica debaixo das árvores copadas.
De volta à casa, à carne acrescentaram galhos aromáticos. A fornalha ao máximo, deitaram as aves aos tachos. O ácido, o áspero queimaram ao ápice.
De volta à casa, à carne acrescentaram galhos aromáticos. A fornalha ao máximo, deitaram as aves aos tachos. O ácido, o áspero queimaram ao ápice.
Jantaram as aves com algas, alfaces, tomates, abacates. Tomaram garapa em cálices.
Imaginaram-se fadas, amadas, beijadas, anunciadas nos jornais nacionais.
Brincaram de palavras cruzadas, cantaram toadas, deitaram.
Cansadas.
Fiquei dolorida com a morte das aves.
ResponderExcluirSuporto mal, muito mal assassinato dos bichos.
Frágeis do bico aos pés. Doces às escondidas. Inofensivas e explícitas.
Pioro ainda mais se forem bichos aves.
A sua história das meninas exagera de tão bem escrita.
Elas acontecem súbitas a mim leitora.
Uma história que não desanda. E é rápida.
Um viver o dia que vai certeiro ao fim.