sexta-feira, 1 de junho de 2012

A primeira vez




Barba, óculos de aro escuro, pernas, axilas, braços peludos, o rapaz pede sexo. Dia após dia, semana após semana.

A sala da casa se abre para um espetáculo de dança. Os ouvidos da platéia se enchem de música, os corpos balançam imperceptivelmente enquanto aguardam as bailarinas. O som de tambores e cítaras anuncia odaliscas. A morena, a loura, a oriental, a negra. Balançam ancas, rodopiam em sorrisos enquanto o ar se impregna de perfume na fumaça de incenso. Devagar se despem dos sete véus e suas mãos constroem, com panos de sete cores, sucessivos arco-íris que tomam os ares e deixam o moço sem ar. A boca do rapaz se abre; dos olhos claros chamas de fogo se lançam, o membro entesa. As mãos suam, o corpo treme. No aconchego do sofá, um espasmo; a cabeça gira brusca para um lado e encontra o espaldar macio.




Deitado num solo de areia dura e amarela tem à frente dos olhos os segredos da moça oriental. Estende a mão, toca-a, os dedos roçam os pelos púbicos, desajeitados, procuram a entrada. Sente o cheiro da mulher, quer entrar; ela se vira, é um gato, fica cara a cara com ele. Tira-lhe os óculos e acaricia-lhe o rosto em muitos beijos suaves; dirige-lhe a mão para a abertura da caverna e deixa que os dedos a penetrem. Busca–lhe o membro e, terna, o beija. Úmida, senta-se sobre ele e ondula ao rítmo do tambor longínquo. Foi assim, no sonho, que aconteceu.




4 comentários:

  1. Nossa, sonhei o sonho junto com o narrador. Eita texto Bão, seu!!! Lindo, Uxa. Bj da Regina

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  2. "Lindo, Uxa! Ousado e singelo."
    Su

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  3. Gostei do feminino no convite.
    Gostei da mulher no atrevido do ondular.
    Eu li um convite que é doce, interessado. Desnudado. Uma palpitação de sexo rasgado.
    O jeito que você descreve a atração fez dela, para mim, benção.
    Benção que é forte. Carne.
    Física nas mãos odaliscas.
    Elétrica “... no membro que entesa”.
    Muito bonito o seu texto, cara escritora-no-blog.
    Meu abraço, até mais,
    Cibele
    PS:
    Penso que umas palavras podem bater asas do seu texto. Não farão falta.
    Uma vez saídas, o que atrai, de modo descarado, no seu texto estará: no púlpito, no palco, no altar.
    Juro? Acho que sim.

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