O marcador de combustível estava quebrado. O carro era um Dodge 69. Seu Inácio enchia o tanque a cada 100km de modo que nunca ficava na mão. Depois de dez anos de trabalho
A estrada estreitou ao ladear longos quilômetros de pastos, um rebanho ali, outro acolá. Não se via viv’alma. Estica, estica, estica mas foi aí que o carro parou. Seu Inácio já preparava a mãe para esperar enquanto ele ia atrás de combustível quando, eita sorte, o retrovisor o presenteia com um caminhão carregado de bananas. O caminhoneiro pára, seu Inácio fica sabendo que, por sorte, a 15 km dali há um posto de serviço. Volto logo, mãe!
Ao chegar ao posto, o caminhoneiro
encontra um seu colega que voltava pela mesma estrada. Sorte! E
veio seu Inácio de carona de volta com seu plástico estufado dos 5
litros de gasolina. Rapidamente está de novo no guidão do Dodge. Agora
cantarolam modinhas em duo. É tarde, eu já vou indo, eu preciso ir me
embora, té amanhã, quem anda com Deus não tem medo de assombração, eu ando com
Jesus Cristo no meu coração...
Depois de algumas horas, o carro começa
a tossir, a noite vai chegando. Assim que a ladeira começa, ele pára de
vez. Ao longe, um ponto negro, um homem? Eita! É só
desbrecar que o santo ajuda. O carro vai descendo devagar até parar
justamente ao lado de um lavrador apoiado no cabo da enxada. Seu Inácio
sorri sem graça e o homem diz é o giglê. Como? É o
giglê ,
aposto que é o
giglê que entupiu. Mas o senhor entende de
carro? Mai nem! Fui mecânico por 40 anos, agora me aposentei e
voltei pra roça! Eita sorte!! O homem abre o capô, fuça aqui e
ali, tira o giglê, assopra, põe de volta e o carro pega de novo.