1.
O elevador parou no quinto andar. O garoto abriu a porta para entrar, a mulher saiu, de costas, carregando nas mãos uma caixa; duas outras aguardavam no chão. Dos ombros pendiam a bolsa e uma sacola. Na boca, um chaveiro. O cachorro, arrastando a guia, se enroscou numa das caixas. O celular da mulher tocou. Muitas vezes até que ela conseguisse apoiar a caixa no chão do hall de serviço e encontrá-lo dentro da bolsa. Atendeu, ouviu meia dúzia de palavras e disse: Tá bom. Foi desabando até sentar-se no chão em frente à porta da cozinha. Começou a chorar. Convulsivamente. O garoto parado no hall, segurando a porta do elevador, entrou dentro dele deixando um dos pés travando a porta; pegou uma caixa, pôs para fora, pegou a outra, fez o mesmo. Ajeitou as três ao lado da parede, soltou o elevador. Sentou-se junto à mulher e fez o cachorro deitar-se entre os dois. Ficou ali, em silêncio, por vários minutos. Perdeu a carona para o jogo.
2.
A mulher índia anda pela estrada de terra até a cidade para pegar a carteira de trabalho para o filho que acabou de arrumar um emprego. No caminho, preso numa corda amarrada ao tronco de uma árvore, vê um corpo balançando Inspira um ar que pára nas narinas e deixa o peito em suspenso. Seus olhos reconhecem a calça que balança. Nem ousa olhar para cima.
3.
Trabalhou feito uma moura, achou as palavras certas para dizer às meninas, deu a cada uma a tarefa que esperavam - elas saíram pulando pelo corredor com seus papeizinhos nas mãos - descobriu um jeito novo de ir para casa sem pegar trânsito, inventou novos usos para um pedaço de abóbora e folhas de alecrim, fez um almoço delicioso; no meio dos muitos afazeres da tarde, achou um tempo para andar no bosque e uma borboleta pousou em sua mão, o marido lhe deu um beijo inesperado na hora do jantar e o filme que escolheram para ver no vídeo os fez rir e chorar.
O elevador parou no quinto andar. O garoto abriu a porta para entrar, a mulher saiu, de costas, carregando nas mãos uma caixa; duas outras aguardavam no chão. Dos ombros pendiam a bolsa e uma sacola. Na boca, um chaveiro. O cachorro, arrastando a guia, se enroscou numa das caixas. O celular da mulher tocou. Muitas vezes até que ela conseguisse apoiar a caixa no chão do hall de serviço e encontrá-lo dentro da bolsa. Atendeu, ouviu meia dúzia de palavras e disse: Tá bom. Foi desabando até sentar-se no chão em frente à porta da cozinha. Começou a chorar. Convulsivamente. O garoto parado no hall, segurando a porta do elevador, entrou dentro dele deixando um dos pés travando a porta; pegou uma caixa, pôs para fora, pegou a outra, fez o mesmo. Ajeitou as três ao lado da parede, soltou o elevador. Sentou-se junto à mulher e fez o cachorro deitar-se entre os dois. Ficou ali, em silêncio, por vários minutos. Perdeu a carona para o jogo.
2.
A mulher índia anda pela estrada de terra até a cidade para pegar a carteira de trabalho para o filho que acabou de arrumar um emprego. No caminho, preso numa corda amarrada ao tronco de uma árvore, vê um corpo balançando Inspira um ar que pára nas narinas e deixa o peito em suspenso. Seus olhos reconhecem a calça que balança. Nem ousa olhar para cima.
3.
Trabalhou feito uma moura, achou as palavras certas para dizer às meninas, deu a cada uma a tarefa que esperavam - elas saíram pulando pelo corredor com seus papeizinhos nas mãos - descobriu um jeito novo de ir para casa sem pegar trânsito, inventou novos usos para um pedaço de abóbora e folhas de alecrim, fez um almoço delicioso; no meio dos muitos afazeres da tarde, achou um tempo para andar no bosque e uma borboleta pousou em sua mão, o marido lhe deu um beijo inesperado na hora do jantar e o filme que escolheram para ver no vídeo os fez rir e chorar.
"Uxa, tenho acompanhado seu blog e fico absolutamente encantada. Vc tem um dom maravilhoso, parabéns querida.Bjs"
ResponderExcluirCecilia Nicolosi Palma
Obrigada.
ResponderExcluirbjs e parabéns!
Madú
Uxa, vamos botar a colher torta nesse lindos contosmínimos.
ResponderExcluirSugiro ao primeiro o nome de Um Encontro. Ao segundo, Em Suspenso, o terceiro, Dia de Fênix. Amei todos. Muito linda a interatividade que você nos propõe, viu.
Beijo
da Regina Gulla
bosquesonhador.wordpress.com
Gostei!
ResponderExcluirbjs
---------------------
Gabriela Calazans
Uxa, fiquei sentada naquele chão, com a mulher e o menino desde nossa ultima aula.
ResponderExcluirObrigada pelo texto.
um beijo,
Maice